sábado, 12 de setembro de 2015

devaneio de junho

é o parque industrial de pagu o romance do proletariado. não li. penso que poderia vivê-lo, mas nunca sei de nada. é preciso estudar, ter fundamento teórico, mas não só. também penso que nada tenho a dizer ou a escrever, por isso me ancoro numa literatura qualquer. comecemos pelo óbvio: dentro deste sistema, nós trabalhadores sempre pegamos o ônus. preciso focar nisso e sair da primeira pessoa. maria das marias sustentava-se em suas pernas torneadas de quem caminhava pelo centro antigo de são paulo. num salto alto que contrastava com seu rosto em farrapos, maria das marias pedia um sorvete de flocos no habibs, contando suas moedas, às 2h da madrugada. dinheiro do trabalho, do corpo maltratado. eu grávida imaginei: e se maria das marias também estiver? provavelmente já esteve. negra como carolina maria de jesus. vejo carolinas potencializadas em marias. penso no meu bebê. comunista sentindo-se solitária. sinto saudade de ana cristina césar. anas, marias, carolinas... se eu for mãe de menina, ela se chamará rosa, como a rosa morena de caymmi. um, dois, três passos e você transforma a vida num samba frouxo, num sambinha.

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